quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gabo


Morre um construtor de sonhos e me faltam palavras: o azul do céu da Bahia, em alta claridade hoje, me traiu, não era alegria. Mas a morte dele também não é tristeza, é celebração em nome do seu legado literário e luta a favor da humanidade.

Morre o homem Gabriel, fica o mítico e eterno Márquez: o que me fez roubar várias frases do Amor nos tempos do cólera para transformá-las em poética para o amor que tanto queria; me fez brigar e discutir com amigos, calar ouvindo suas interpretações sobre dois livros: Cem anos de solidão, O amor nos tempos do cólera.

Fico abatido porque eu e amigos vivemos e existimos anos em nome destes dois livros. Eu toquei na porta da sua casa, na deslumbrante Cartagena, lhe agradecendo!

Senti suas lições de linguagem sem aprender sua maestria: mas senti a sua imaginação, muitas vezes, masculinamente, respirando com a respiração dele no seu texto literário.

Agradeço à LITERATURA, não por me fazer dominar forma e conteúdo, nem dominar  esta língua que tropeço escrevendo e falando, mas por me dar criatividade, me dar sonhos e, muitas muitas muitas vezes, afugentar minha solidão, me ensinar a existir sem as elaborações forçadas da tal ciência em teorias inatingíveis; à Literatura por me fazer circular entre o dito e não dito e escrever pelas entrelinhas, fruto do meu raciocínio somado ao meu sentimento emoção.

Gabo me foi assim: grande literatura, mas, ainda maior, grande diversão a favor de sonhos e da ilusão amorosa que ainda me persegue.

Choro altivamente e altivamente me despeço deste Mago!


Vá com asas, grande mestre e dê um abraço em Dorival Caymmi.

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