sexta-feira, 31 de maio de 2013

De mim

Entre espasmos e cinema; caminhadas cansadas e ilusões literárias; fastio e fome absoluta; sede de música; encanações do poema; meu corpo nu e a vergonha; o peso do tempo somando-se ao que já é frustração; entre o sonho azul e o vermelho da realidade; meu grito de saudade e o desejo do novo; entre este assombro escândalo de estar aqui só; a vontade de sair e o aprisionamento marítimo; a força do medo; a falta de riso na cara, mas muitas gargalhadas às escondidas pelas conquistas já desenhadas; para além desse cansaço; meus braços abertos a abraçar quem gosto; paz e agonia; novamente a poesia na fresta; meu modelo de felicidade; o erro constante; a mulher que  olho em silêncio e o homem distante.

Tudo é soberania neste caminho de mim, que guardou o fundo para o amor maior da descontinua espera em que não se crer mais...Escreve-se e... Chora-se. E, cala-se de preservação e desejo. O sentimento imorredouro.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Para Daniel, o cantor


Daniel querido,

De Maravida, autoria do saudoso Gonzaguinha, existem duas gravações bem representativas, a primeira do próprio autor e, a segunda, dela,Maria Bethânia, sem delongas, a mais inteira porque dramática na medida certa; então, seria aquele exagero necessário, é a versão definitiva. Só a Globo, em seu desvario e megalomania, poderia lhe permitir a destruir algo tão precioso no cancioneiro deste país. Só lamento sua audácia mercadológica, que terá vários seguidores, adoradores como pede a cultura de massa, mas me permita: sua versão é uma gritaria da desgraça! Horrível!

terça-feira, 28 de maio de 2013

O silêncio da lua



Algo me asfalta até a entrada do sertão,
O certeiro feitiço da lua,
Ou o possível frio desta confusão.

Ventila do transporte à chegada,
Entre buscas e esquecimentos,
A ternura desejada.

Algo me deságua para fora das entradas
E me perco sob o silêncio da lua
No centro de um lugar desconhecido.

Mordo a carne suja da maçã
Malsão em mim mesmo
Querendo fugir do sertão
Louco na vontade mais escusa
Indo de encontro à razão
Apartado de Deus e outros ensinamentos
Descuidado alvissareiro magoado...

Negando lua caatinga lugares
Abortado do espaço
Sem ternura, sem vontade
Sem liberdade por não lhe ver.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Desisto

Minha humanidade tem sido desumana comigo.

***


"...mas quem se aproxima dos umbrais da arte poética, sem o delírio que é provocado pelas Musas, julgando que apenas pelo intelecto será bom poeta, será imperfeito, pois que a obra poética inteligente empalidece perante aquela nascida do delírio."

Platão, Fedro.

domingo, 26 de maio de 2013

O show já terminou



Porque chove no meu pensamento também. E tenho que recordar com os pés molhados. Vendo meus escritos de giz apagando-se. Sentindo a poesia sem ritmo da chuva caindo sem frio; o canto de amor de Roberto Carlos. Águas brotando para o transporte sem fim da minha vontade de tocar. Cortinas que encerram a expectativa, esfacelam o sonho, cancelam a alegria e anunciam o tédio.

É domingo de silêncio e cinza. Persiste a fantasia de gerar outra busca no quietinho daqui. Vibrações do mistério me fazem chorar. Eu tenho 04 anos agora, talvez me refaça diferente, e não queira mais amar.

"No nosso caso felicidade começa no adeus"

sábado, 25 de maio de 2013

Nana Caymmi canta em Julho na Cidade da Bahia



Um pouco de beleza e alegria. De dor também.

Nos dias 27 e 28 de julho, de 2013, Salvador recebe, na Sala Principal do TCA, às 21 horas como deve ser, a enorme Nana Caymmi.

Algo a ser celebrado e agradecido nesses tempos de pouca coisa. É Nana Caymmi, cantora das verdades maiores, das dores intensas, dos ruídos ( sim!) artísticos que a tornam uma das maiores do mundo. Esta Nana que nos faz conversar, em silêncio, conosco e com Deus.

De assuntos amorosos a traços relevantes que marcam a história da nossa música popular, intensamente ( e graças!) cancionista, ao alcance da raridade musical desta mulher.

Vou doer, mas vou AMAR!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Iyá de mim


Iyá,

Me deixa tocar inteiro a luz dos dias,
Me deixa ser sempre honesto comigo,
Me deixa morrer enxergando o mar,
Me deixa preservar os amigos verdadeiros,
Me deixa alimentar sonhos,
Me deixa ter forças para lutar por meus sonhos,
Me deixa ter a saúde merecida,
Me deixa ouvir vozes  e pássaros,
Me deixar dormir e acordar,
Me deixa escrever o que tenho a dizer,
Me deixa amar e ser amado...

Me deixa eternamente sob a égide da Tua companhia.

Agradeço ardendo e com os olhos cheios d'água
Na voz de Maria Bethânia.

Odô Iyá!!!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Clarice



Antes mesmo de ser morte já era encantamento e seguia o tal segredo da vida: não ter segredo algum. Antes de ser sorte era o tratado absoluto do talento em necessidade: a escrita na projeção da dor, a palavra como terapia. Era o mais longe, a presença falsa como imagem ao espelho do mais verdadeiro. Enxurrada controlada pelo brilho do que nasceu para não ser dito, revelado, estimado, vivido.

Era o escondido que habita inadequadamente e de tão inóspito se nos salva de nós mesmos. Entrelinhas da inspiração. Modelagem à pele da pedra. Constante insatisfação. Amor romântico imorredouro. Desenho à pedra do amor impossível. Sem medo da eternidade ao peso da luz. Faísca carmesim no céu da Rússia. Mão livre escrevendo outro país.

Assim era com a pressa do ter que nascer, renascer, re- co-me- çar... Sempre. A vida sem lugar e sem pertença. Uma errância erudita com sede popular. Feição popular. Destino popular.

O texto música da história cinematográfica da escritora me confundindo a vida. E exatamente aí, no cerne da confusão, a vontade louca de querer fazer e acontecer em epifanias da profunda emoção.

Aniversariar. 

domingo, 19 de maio de 2013

MM


Em Sampa, apesar da exaustão destes dias, alguma alegria trazida pela arte e pela amizade...Uma certa doçura no ar;energia do amor.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Morangos Mofados



Tem cinza na minha leitura de Morangos Mofados e eu concluo relações paradoxais a partir dali no centro do meu desejo.

Tem azul nesta leitura também. O azul fora dos limites de beleza e sentido dado pelos anglicanos. Azul fartura como ode à herança iorubana na porta da minha casa.

Tem vermelho e é quando me excito. Experimento o livro como a um corpo desesperadamente desejado.

O violeta chega para o inexplicável que é integralmente sentido.

Muitas cores me são a leitura deste livro. Um riso acima do provável - socialidade ou sociabilidade?- que discuto à beira conceitual da antropologia. Livro causal mas independente.

Sargento Garcia - o preto que representa as grutas da obtenção.

Um livro colorido. Mosaico descritivo para se fazer cinema. Paiol dos entendidos. Música escândalo como Ro Ro. Vinho e cocaína. Transmutações.

Todo arco-íris retrata Morangos Mofados.


Este livro estampa a camisa propaganda de um grito!

Virando a cultura paulistana


tombando sonhando sendo
esse recomeço que não cessa
hoje sem pressa
por conta da cultura guiando

hoje tudo é festa
até o frio celebra
meus olhos rimando

digo da alegria
singro a poesia em mim
nada sobra ou me desfaz

vivo são paulo.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Trajetos


Eu não suporto sentir o vazio, prefiro trabalhos com mágoa, distância, ressentimento, raiva, compaixão. O vazio me extermina frente a mim mesmo, quando me pergunto se alguém perguntou por mim. Quando me pergunto se aquele alguém se lembra de mim. Quando especulo na confusão do meu coração se este alguém sente ternura por mim. Quando nada me responde nada e minhas viagens desesperadas transmutam-se em miragens abraçando o corpo amado que é o centro imenso das minhas perguntas.

No fundo, no profundo sumidouro do espelho, ecoa a dura resposta que não busco: não há ninguém.  E chove sobre o meu silêncio. E molha-se minha roupa única. E busco entradas, saídas, subidas, descidas, esquinas que me tragam sentido. Insisto na alvorada em frente ao mar. Recito versos repetidos que aprendi aos treze anos. Embriago-me de mim e cerveja e busco busco busco busco busco busco busco busco busco.... Sem encontrar.

Lanço cartas eletrônicas e na falta de respostas retorço-me de vazio e medo. O tempo secando meu corpo ávido daquela risada; o meu choro semente somente consolo; a mulher cantando implodindo meu coração; minha alma vazante na água fértil saída da genitália inatingível do poeta. Cortinas se fechando. O sol na cabeça do outono da velha cidade. Grito na madrugada. Três horas na imensidão de quem não dorme. Madrugada de quatro pra lá e pra mim.

O longe ficando ainda mais longe nessa vida que o impregnou aqui.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Senhorzinho Alado

(Plata Quemada)


Quando ele veste vermelho
O mundo treme luz e água
Solta raios em sua risada
Ele voa...
Calmo na coroa do seu ser
Resguarda soberanas asas
Iluminando forma e prazer
Em suas descidas fulgurantes.
Ele habita lugares e destinos
Quando nada lhe é eterno.
Pisa em grama sem agredi-la
Dança leve espraiando feitiço
Lindo, como poucos sabem ser.
De vermelho - deus - menino
Acima de qualquer tecido
Ele vibra-se-nos
Em sua nudez constante.
Encanto é a sua voz
Seus olhos dilacerante doçura
Um ser feito música
Emitindo palavras sem dizer
Sorrindo dentro de fomes alheias
Erotizando o carinho
Sexualizando a ternura
Este senhorzinho alado
Até a alma desejado
Na língua de quem o procura.
Naquele jeito de homem aquático
Líquido gozo sagrado
À boca do absoluto querer.


A Paulo Mendes Campos


"Desvairam" é um sentido que impulsiona a olhar pra cima e pros lados; apaga o autocontrole pesado e vivifica os movimentos físicos. O pensamento acompanha. Ventila o estar da gente querendo ser. Sensação quase loucura, visgo do prazer.

"Desvairam" é a leitura que mais gosto: mergulho nos olhos de mar de alguém em quem eu quero me perder.

"Desvairam" é uma prescrição na crônica do mineiro com jeito carioca de ser; me alisa com juventude... Irrompe-se. Tentativas. Caminhada pelas ruas noturnas do calor, do querer...Todos os erros que cometemos à luz da consciência tranquila porque nesse instante a mente está em desvario.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Maria Bethânia



Silenciar o mundo para ouvir Maria Bethânia cantar Fogueira dentro e fora de mim.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Quase morte


A memória inconsolável. O vir a ser que não chegou. Pode. Mas não veio.  Partilha das retas para melhorar o caminho. Falta de conversa, de sonho, de carinho. Olho na parede. A canção sangrando na ausência de embriaguez. Sensação de frio numa típica noite de muito calor. Verdades tropicais. Silêncio artificial. Paisagem desértica com o mar à frente.

A memória insondável. Todos os instantes no passado, no futuro, no presente, sem salvação. Batidas da alma em descontrole: o pensamento em desacerto traçando loucuras. Um homem no firmamento. A dor que não se diz. O calar para deixar fluir a mentira. O rosto perdido no espelho. Esse cara do poder maior: o tempo.

A memória esfacelada. Ele disse: não quero nada. Olhar oblíquo do cansado coração. Dilacerar. Saber não para fazer sim. Filosofia espartana: a guerra como ciência da masculinidade. Entressafra da continuidade. O padrão repetido para imprimir inspiração. Tristeza exagerada. Lugares inóspitos resguardando tesouros; o ouro beijo na forma do sonho, pairado no ar do ressentimento. O enorme cansaço. Quase asco. A vida que não cessa de esperar. Outro signo numa quase morte.

Dos fios

“(...) Se saudade pudesse ser comparada a um fio – então o amor era um novelo a enrolar o fio e a crescer dia-a-dia dentro do coração. Os anos podiam se passar longe da pessoa amada, mas o amor alimentava-se de lembranças e notícias distantes e encarregava-se de alongar o fio da saudade, nele se enrolando e crescendo cada vez mais (...)"

sábado, 11 de maio de 2013

Era uma vez Paris...

(Marlon Marcos)

“... de repente ocorreu-me de novo o milagre, e doeu-me – coisa espantosa – uma saudade magnífica de Paris na primavera, os plátanos agitando as ramas no ar silente, os bancos à beira do rio, onde li e reli que sob a ponte Mirabeau corre o Sena, e a alegria de sempre vinha após a pena, e era uma saudade mais de mim a vadiar pelas ruas e os bosques, indo e vindo pelo cais da margem esquerda, remexendo livros empoeirados, admirando a cor e o imponderável, brincando com as pontes todas o terno jogo da poesia, afeiçoando-me até morrer pela ilha de São Luís, as torres góticas encastoadas em luz de ouro, e outras cores, outras ramagens, ruas que me faziam por si mesmas, e o meu destino, os vinhos tintos do crepúsculo, as brisas eufóricas, uma saudade, disse eu, sem jeito, feérica, rue Gît-Le-Couer, rue de Hautefeuille, rue de la Harpe, uma saudade que me dispersava, fatalizando-me suavemente, inclinando-me às águas quiméricas do tempo, como me perco no olhar de quem amo.”


De repente, Paulo Mendes Campos

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Da ilusão

Tenho a ilusão da liberdade
encharcada de vieses sorrisos
alentada por uns olhos castanhos
derramada em minha cama
que me sonha em braços abrigo.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Maio é consumação



Então é maio. A carroceria das mudanças, a cena da transformação, o barulho do peito alertando para o recomeço anual que tem que ser aceito. É maio no entorno do que vejo, as configurações de intolerância geral, o desatino humano, a gente carente de gente, a falta de abraço, a sanha por dinheiro e poder, a deselegância... O mês que me ilumina, pois marca o meu nascimento neste mundo, neste agora, o instante tão rápido que me parecerá um segundo.

Em contrapartida, é maio na esperança... Luz vindoura do centro do peito a cutucar sonhos, a querer silêncio, a pedir abrigo, evitar fuxicos, acalmar para renascer. Maio dos outonos de mim, musicalidade serena do que crio para me ter melhor. Maio dos olhos castanhos e doces da minha saudade, da poesia menino a me ter diante de Deus e formular notinhas jornalísticas como prece para o amor. Maio dos escritos no papel, na tentativa do poema, do dilema formal, dilema carnal; das flores em rosa à luz das boas perspectivas. Maio toque em atabaques, fé que me sustenta, rosas brancas na mão, golfinhos e baleias a despertarem o mar.

Maio também como permissão. Possibilidade. Vontade. Coragem de fazer. Movimento em prol da vida deixando-se em faíscas da loucura que nos faz sobreviver. Maio para a saúde. Dança da mulher negra linda comportando tudo, deixando o que tem  a ver.

Maio daqueles olhos acontecimentos na canção de Marina. Um raio cortando o céu, a conta fina de Oyá no pescoço. Maio tira-gosto, sorvete que engorda, aconchego no colchão, cultura na cidade de São Paulo, jantar ao som de vozes queridas saboreando poesia, bebendo vinho, rindo e chorando, vivendo, partindo.

Maio é consumação.

terça-feira, 7 de maio de 2013

***

E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade.
CFA

***

espalho palavras, sim:
juntando-as bem,
alcanço o silêncio.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mar de Clarice


Tão suave que eu desapareço, entre naves e afogamento, disforme, engolido pela terra, sozinho no quarto vão do apartamento, à espera deveras, ouvindo canções, secando livros, sem lágrimas, mudo ao interno, largado ao externo de um desejo sem futuro.

Visualizo a coragem. Meus dentes mordem a maça, se vivo em pecado não sei do seu sabor. Horrível ter esperança em pleno afogamento. Eu que frequento mar, rios, lamaçais, bueiros, esgotos, chuvas, gotejos, pingueiras, cuspos. Eu – descendo essa escada que me leva à esquina de um lugar sem precisão. Eu – que preciso tanto de abraços que me sequem, que me sirvam sentido, que tolerem a minha emoção.

Eu que vasculho a embalagem dos presentes alheios, e deixei meu coração nos Ciprestes a alguém que o entregou aos leões. Que recito o que leio como se fosse meu, que recrio minha vida modulada no espelho, temendo o tempo, chorando ao ventilador, sentindo frio acima da cidade, correndo todos os riscos, mas vendo a coragem. Eu me sinto, mas não me entendo.

Sigo. Entre gritos e silêncio.  Ressoando em arestas que são as asas negras do anjo na canção que sabotei o nome. Pegado à parede da confusão, cínico como as teorias que me querem explicar o desejo; vazio de gente, mas adorando gente numa espécie de aquário que criei para representar a minha admiração.

***

"Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se." 
Pablo Neruda

***

um passarinho
volta para a árvore
que não mais existe

meu pensamento
voa até você
só pra ficar triste.

PAULO LEMINSKI

sábado, 4 de maio de 2013

Tempo de espera?


 
Não  sou eu quem falo sobre o tempo,

é o tempo que se descreve em mim,

para evitar assim a excessiva confusão.

 

É o tempo que me formula desistência

me anima a deixar a espera,

me recobra a memória,

me retoma  para novos anseios...

 

O tempo desenha o embuste

que me tornei no parapeito

das  janelas;

escancara minhas ilusões...

é mau comigo,

me fazendo o bem.

 

O tempo me ensina,

eu o péssimo aprendiz,

desertor  de clarezas

em assuntos da emoção.

 

Envelheço,

como se tivesse a eternidade,

todo o tempo a meu favor,

espero espero espero,

que o silêncio me abrace

e me faça delícias naquele

amor.

Ad infinitum

Quase. Comuna. Encenação. Figuras patéticas decorando a toalha sobre a mesa sem haver refeição. Dígitos de um telefone de alguém esquecido. Passatempo rolando pela ladeira: vontade de escrever.

Sempre. Medo. Disputa. Rios aquecidos pelo destino poluído de nossas vidas. O riso que escancara. Morte feito lágrimas. Consorte da desilusão. A linha área e ágil para o desencontro. A extrema-unção.


Longe. Dentro. Uivo. Foi tão simples. A camisa abóbora nos deixando no armário. A força do tempo vindouro quase nada frente ao que não volta mais. A tolerância descrita em quase décadas deixando a outra alma calada.

O abrupto surto de querer ficar no escopo difuso que perfila esta confusão.