segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Maria Bethânia e Adriana Clacanhotto: falando por mim


Tal como a vida, foi tudo rapidinho. Mas profundo como as flores que vejo flutuando sobre as águas dos mares, depois de lançadas no mar da Bahia, partindo do âmago da minha fé...

Tal como a vida, a beleza se instalou para trazer sentido. E uma dança secreta marcou a alma de alegria. Alegria que ficou ao longe, mas ainda assim, foi e no rastro do que nos vale a pena, e quase nunca é tudo que vale, ainda é...

Tal como a vida, perfilada de seperação, o Universo se fez em encontro... E porque também há a morte, a mais legítima certeza, o tempo recusou...

Tal como a vida , que em mim me bate no peito, nasceu cresceu gritou e fez silêncio desse jeito: nas zonas secretas da imaginação que acelerou minha ânsia e depois me calou...

Lá, no frescor do meu sentimento, a sensação reviveu a poeta e a canção: " Poetas para quê? Os deuses, as dúvidas? Pra quê amendoeiras pelas ruas? Para que servem as ruas?"

E as ruas, tal como a vida, me servem agora para seguir: mesmo que sozinho.

De verdade, feliz 2013!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Chico e eu...


Jardim Botânico


De lá da alma para o todo de mim.
Reluzindo o que não me falta
Deixando-me perto da Natureza,
Eu Natureza da cor da esperança.

Pode chegar 2013!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Espetáculo

Entro em acordo comigo,
Se minto, é para aliviar
As tensões reais desse tédio.

Todo lugar da verdade em mim
Decora-se das invenções que faço
Para incitar a minha criatividade.

Meu lado artista faz
O trunfo que me dá gás
E se me representa
Nos palcos difusos
Entre os seres humanos
Com os quais eu me confundo.

Pra onde se lançar


 
Cravo-me no verde dali. E sangro esperança. Todo dia igual, eu que resisto, que insisto ternamente, que caminho alone sob a força da minha própria luz, eu pergunto: pra onde se lançar? Que papel devo cumprir em mim para ser melhor assistido? O que vai durar?
 
O sol fugindo não responde e sonho comigo solto no mundo, perdido, distante. À luz verde que nasce e morre em mim. À espera daqueles acontecimentos que desenhei, depois do medo, aos 11 anos, criança ao monte, tanta dor e perguntas, no círculo da fé que me habita, e minha existência existindo.
 
Surrealmente, eu sou o que se permite. Meu peito se lança a delicadezas para o amor. Apesar de não saber amar, eu sou todo amor. Repito gritando de uma cisterna, cheia d'água, e eu quero me afogar.
 
Da janela do Rio de Janeiro: medo não mais há. O tédio é desvelo, pois o que me iluminou, não foi e me lançou ao dessentido de estar... Sobrevivo ouvindo a música. Chet Baker. Paz em horinhas de voo. Memórias fresquinhas. E meu futuro continua a ser agora.
 
Assino-me em Fé. Só aí tenho como me lançar.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz 2013


Eis que me espanto mesmo fazendo silêncio. Meus olhos atraem a lua para iluminar e estacionar o deserto das Boas Festas. Caminho pelos meus próprios olhos que transveem  a chegada sem horizonte. Paira um rosto no pensamento, mas a razão apaga, evita o tormento e a lua mais se irradia. Clareza na clareira da melodia que nunca vou tocar. Mudança dos ventos e o pensamento deve cessar...

De certo, hoje terei insônia, contudo, eu dominarei a noite despido de mim mesmo e talvez numa outra versão, noutro personagem, a saudade seja menor que a desilusão...

Aparo arestas. A cidade do Rio de Janeiro no íntimo de uma voz. Correntezas marítimas no verde frescor de outra cidade. A alma é o Rio. E rio de tristeza e desejo como uma canção de Caetano. Vivo – instante em tons pastéis; meio impressionismo, muito surrealismo, nada a declarar... Marcas do gostar que não cabem; talvez feito à dor de Dolores Duran.

Retrato na parede do peito, velocidade, as costas como adeus! Ouço do cais, eu marujo sem tempo, forasteiro, indo até...

Sinal sem movimento. Escrita para encerrar. Só o novo mais novo pode salvar. E o tempo é aqui: agorinha de mim frente ao espelho. Feliz 2013.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Dos livros


"Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto mais dissonante".
 
 
 
Reparo, quase sem querer, fiquei só com os livros. Mas fui intenso comigo e com os outros eles. E os livros. Não saio contra a solidão, é o excesso de companhia que não me entende que me cala pra mim mesmo. Estou frente a muitos livros e, tão somnete, sorrio de dentro e vejo o mundo assim: literatura.
 
Abraço-te amigo. Inexato. Orando calado para suportar. E sigo até quando der. Tenho-lhe na palma das minhas mãos e em retratos clariceanos que sou. Livros para amainar a solidão e extirpar a vontade de partir. Sei pouco da vida e sei menos de livros. Mas amo a vida. Amo os livros. Eu sigo no sorriso que deixo aqui na foto que é a minha alma sem faltas. Talvez por conta dos livros.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Enternecendo



Do lugar de mim: o jeito da paz. Ouvindo o indefinível da beleza no canto de Elizeth Cardoso, lendo sobre Strange Fruit, a canção; mergulhado na compreensão do valor necessário do desencontro e sonhando à luz de Liv e Ingmar – para parecer bem óbvio cinematograficamente, e deste sentir que sou eu, chegar a ser a transformação.

Que domingo para além: findando com o espetáculo mais plástico e mais lindo que vi no Bando: Dô! Alguma coisa que me arde nos olhos, tem som e cheiro, tempero, quando deveras é somente a arte.

Domingo sem silêncio e puro movimento em Elizeth dizendo assim: “Quero que teus olhos me olhem/ Como te olham os meus/ Quero que eles sintam em meus olhos/Tudo que sinto nos teus”, então, desapego-me do fastio e parto para segunda-feira, penso numa camisa azul marinho e sigo pela trilha do agradecimento.

A ternura não me desocupa porque meu coração é lirismo azul clarinho decorando sensações do amor.
 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12/12/12



Que tenha verde no tecido da minha caminhada,
E eu sinta sempre o mar me acarinhando...

Que tenha azul no tecido da minha morada
E eu A veja entrando tocando em meus sonhos...

Que seja isso um mantra

E evite que eu reitere enganos...

Quero o novo daqui,
Esse instante que é minha vida.

Falo-Te de dentro de mim
Nas flores da minha esperança.

Ensina-me, ô Potentado dos mares,
Feminino da minha clareza,
A ultrapassar outro desvio.


E que o mistério deste dia
Seja-nos Luz!

Odô Iyá!


Nascente ao luar



Dentro do silêncio e da ternura após velar o sono do amor nascendo. Então, ela:
"Quero
Nos teus quartos forrados de luar
Onde nenhum dos meus gestos faz barulho
Voltar.
E sentar-me um instante
Na beira da janela contra os astros
E olhando para dentro contemplar-te,
Tu dormindo antes de jamais teres acordado,
Tu como um rio adormecido e doce
Seguindo a voz do vento e a voz do mar
Subindo as escadas que sobem pelo ar".
 
Sophia de Mello Breyner

sábado, 8 de dezembro de 2012

Há 35 anos partia Clarice Lispector



 
 1977, em 09 de dezembro, na cidade do Rio de Janeiro, um dia antes de completar 57 anos, morria a escritora Clarice Lispector. Legado literário imensurável. Impressões profundas sobre a humanidade. Traços de um feminino que me acompanha, me fascina, me orienta, me comanda. Segredos revelados, ela, Clarice, foi e é a maior epifania artística da minha vida.
Eu sinto assim: “mas eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”, e rezo desacreditando no impossível. Reluto a partir desta escritura marcada em sombras e luz, cheia de vida.
35 anos de ausência presente no âmago da cultura brasileira. Retrato pintando paredes, discursos teatrais, oralidade política, rezas noturnas, textos acadêmicos, lágrimas no cinema, poema divino, à espera do beijo, encontro com o amor, doença, morte, continuação... Um livro a traz assim: “Sentia o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele suportasse a feminilidade de todas as mulheres”. Para mim, como se suportasse a humanidade de todos os humanos.
Clarice nunca morreu. Vívida naquelas palavras que furam a alma da gente. Em lições de vida que não amainaram a sua dor. Ela, dona da solidão total. Morreu para a vida de mito e artista que só faz se eternizar. Mito maculado, mas arrolado entre a sofisticação e a ignorância que perfila o nosso país.
Canto contando as horas e sonhando como literatura. A que me faz escapar de mim e da solidão, me reflete não sendo eu no meu eu mais profundo. Toco nela no livro que agora abro e pergunto onde deixar a minha Macabea...  35 anos do que se foi como completude, a obra, mas tendo muito a dizer.
Ardo de saudade e loto-me do que desaprendo para permanecer na delicadeza que me deixa amar e querer assim... Clariceanamente,
Iemanjá e Sagitário.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Esperando Maria Bethânia


Teatro Castro Alves, Salvador da Bahia, 02 de dezembro de 2012, quase 20h., e a emoção aguardando a maior cantora do mundo na contemporaneidade.
Este registro fotográfico foi do anjo Maria Olivia Soares.
Fica aqui para que eu saiba que a vida é bela e, do meu jeito, eu sei que sei aproveitar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Maria Bethânia: Carta de amor em Salvador


Hoje é um grande dia. Salvador recebe um entre os mais importantes artistas que compõem a história da canção brasileira. Ressoar de integridade, que fez do canto expressão de singularidades e emoção em nome do amor que orienta.

Nascente da beleza que preciso em minha vida. Aquela vontade de ser. Formas da repetição que inova a inspiração e faz silêncio.

Poesia para o silêncio. E a paixão que melhora e nos faz humanos pela simples presença morena. Presença negra. Avidez no sagrado. Tranquilidade do profano. Entrecortes do sonho. Embriaguez que salva.

Hoje (e amanhã) é dia de Maria Bethânia.